Transtorno do Estresse Pós Traumático

O transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) é um distúrbio da ansiedade caracterizado por um conjunto de sinais e sintomas físicos, psíquicos e emocionais em decorrência da pessoa ter sido vítima ou testemunha de atos violentos ou de situações traumáticas que, em geral, representaram ameaça à sua vida ou à vida de outras pessoas. A pessoa, quando se recorda do fato, revive o episódio como se estivesse ocorrendo naquele momento e com a mesma sensação de dor e sofrimento da situação lhe provocou. Essa recordação, conhecida como revivescência, desencadeia alterações neurofisiológicas e mentais.

As pessoas que, de alguma forma, estiveram envolvidas em casos de violência urbana, agressão física, abuso sexual, terrorismo, tortura, assalto, sequestro, acidentes, guerra, catástrofes naturais ou provocadas, desenvolvem esse tipo de transtorno. No entanto, a maioria só procura ajuda por volta de dois anos depois das primeiras crises.

Essa condição causa sofrimento intenso e prejuízos a vários aspectos da vida, como trabalho e relacionamentos. 

Mesmo quem não foi vítima direta de tais situações corre o risco de desenvolver esse transtorno, pois ao testemunhar uma agressão, sofrer um assalto ou ser informado que um familiar sofreu um acidente grave, pode ser um fator desencadeante. 

Qualquer pessoa exposta a algum tipo de trauma psicológico pode desenvolver esse distúrbio sendo mais comum em mulheres.

Sabe-se que, nas situações decorrentes da vida, é natural que as pessoas fiquem abaladas, mas se as emoções, sentimentos e pensamentos perturbadores associados à situação traumática persistirem por meses ou mesmo anos, há o indício de que o quadro de estresse pós-traumático tenha sido desenvolvido. Nesse caso, pessoa pode apresentar sintomas como lembranças persistentes que a faz reviver involuntariamente o trauma através de memórias angustiantes e repetitivas, pesadelos ou sensação de que o evento traumático está acontecendo novamente. Circunstâncias que remetem à lembrança do trauma desencadeiam reações físicas muito fortes e sintomas fisiológicos, incluindo sudorese, náusea e tremores. A pessoa desenvolve um comportamento de esquiva evitando lugares, pessoas e atividades que trazem recordações dolorosas. Muitas vezes acontece dela não ser capaz de lembrar ou falar sobre o ocorrido. Situações como excitação exagerada que a faz ficar em estado de alerta constante com explosões de raiva, dificuldade para dormir e para se concentrar. Passam a ter crenças e emoções negativas com dificuldade em confiar nas outras pessoas e manter relacionamentos próximos. Há uma significável perda de interesse em atividades as quais a pessoa já estava acostumada sempre acompanhada de sentimento de culpa e vergonha. 

O tratamento do transtorno de estresse pós-traumático é de essencial importância para adultos e crianças ajudando-os a lidarem com as perdas e os diversos desconfortos que os acometem. O tratamento irá auxiliá-los a lidar com o medo e a angústia, como também diminuir as crises recorrentes. 

O tratamento do transtorno de estresse pós-traumático envolve medicação, como antidepressivos, ansiolíticos e a psicoterapia. Embora muitas pessoas tenham o pensamento equivocado de que esses eventos devem ser eliminados da memória, a psicoterapia promove ao paciente a oportunidade de compartilhar sua experiência e assim ressignificá-la. É a oportunidade que o paciente terá para enfrentar e superar o trauma com suporte emocional. No início, o ato de recordar o evento traumático pode parecer insuportável e ameaçador, mas a exposição das memórias traumáticas é desenvolvida por um profissional totalmente preparado para dar suporte e continência emocional ao paciente, fazendo com que o tratamento seja conduzido de forma segura.

Cristiane de Lourdes Jacóia Silvestrini é Psicóloga Clínica de abordagem psicanalítica e Psicanalista. CRP: 06/118299 ([email protected])